segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mulheres Sauditas pedem o direito de dirigir

Na Arábia Saudita as mulheres não têm direito à carteira de habilitação. 
O país vive sob uma rígida interpretação da lei islâmica (sharia), que impõe a segregação de sexos em espaços públicos. Além disso, mulheres não podem dirigir nem viajar para fora do país sem um homem da família, entre outras restrições. 
Um dos principais clérigos da ala mais conservadora da Arábia Saudita tentou justificar a proibição às mulheres de dirigir alegando que elas correm o risco de “danificar seus ovários” e, consequentemente, gerar filhos com problemas clínicos. 

Segundo o sheik Saleh al Lohaidan “se uma mulher dirige um carro, que não seja em caso de pura necessidade, isso poderá ter impactos fisiológicos negativos. Estudos médicos e fisiológicos mostram como isso afeta automaticamente os ovários e empurra a pélvis para cima ", disse o líder religioso em entrevista ao site Sabq.org. "É por isso que encontramos naquelas mulheres que dirigem regularmente filhos com problemas clínicos em diferentes níveis", completou.
Com essa declaração, ele respondeu à ativistas que organizavam um ato de desrespeito à lei marcado para o dia 26 de outubro, que se espalhou pelo país e ganhou publicamente apoio de várias mulheres. Neste domingo, porém, o site da campanha foi bloqueado no país.
Na entrevista, o sheik advertiu às mulheres que querem participar do protesto para colocarem “a razão à frente de seus corações, emoções e paixões”. O sheik, no entanto, não é formado em medicina nem especificou as fontes dos estudos a que ele se referiu.
Na última semana, o sheik Abdulatif al Sheik, chefe da “polícia moral”, disse à agência de notícias Reuters não existir qualquer restrição na sharia que proíba as mulheres de dirigir. Não existe uma lei no país que proíba as mulheres de dirigir, mas as licenças de motoristas são concedidas unicamente aos homens
Desde o início de 2011, durante a explosão da Primavera Árabe, aumentaram os protestos pelos direitos da mulher, incluindo a permissão para conduzir automóveis.
Como outras mulheres que desafiam a proibição na Arábia Saudita, Al Sawyan afirma que obteve sua licença para dirigir no exterior. "Estou muito feliz e orgulhosa de não ter havido nenhuma reação contra mim", disse ela por telefone à Associated Press.
 Al Sawyan disse, no entanto, que estava preparada para o risco de ser detida e que chegou a passar por um carro de polícia, mas a uma distância segura que não permitiu que ela fosse vista.
 A campanha é uma rara demonstração de desafio na Arábia Saudita. O primeiro grande protesto do gênero ocorreu em 1995. Na ocasião, 50 mulheres foram detidas por um dia após dirigirem, tiveram os passaportes confiscados e perderam seus empregos.
 Já em junho de 2011, cerca de 40 mulheres assumiram o volante em várias cidades do país, numa manifestação que teve início após a prisão de uma saudita que havia postado um vídeo de si mesma dirigindo.

Fonte:
Associated Press
exame.abril.com.br
operamundi.uol.com.br

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